A mais recente ofensiva dos inimigos da Reforma Agrária surgeembalada por uma pesquisa encomendada pelos latifundiários paramostrar que a Reforma Agrária não deu certo a partir de uma amostra de
nove assentamentos num universo de quase nove mil. O que causa estranheza no caso em tela é a utilização de uma pesquisa com amostra extremamente restrita, quando, uma vez divulgado o censo agropecuário
poderia se fazer uma análise a partir de todo o universo.
Na verdade não causa estranheza o resultado da pesquisa, ou ela emsi, pois trata-se de uma clara ferramente de uma disputa ideológica onde o setor da agricultura patronal se viu acuado com os resultados
do censo que demonstravam a inequívoca necessidade e uma reforma agrária massiva. Não apenas pelo aumento da concentração fundiária (e conseqüentemente de riqueza) no país, mas também pela clara
demonstração da maior eficiência econômica, produtiva e social da agricultura familiar. Ou seja, a pequena propriedade produz mais, gerando mais renda e respondendo por uma parcela majoritária da produção dos alimentos que compõem a dieta básica do povo brasileiro.
Mas o que realmente espanta é a mídia corporativa assumir comoverdadeira a pesquisa feita por um instituto especializado em pesquisas de opinião (como expressa o próprio nome da entidade, Instituto Brasileiro de Opinião Pública, IBOPE) e cujo presidente tem preferências políticas claras por um grupo político que já governou país e defende uma política notoriamente anti-reforma agrária. Todavia como os principais grupos de mídia são grandes proprietários rurais e os movimentos sociais que lutam pela reforma agrária recentemente conquistaram a promessa (ainda não cumprida diga-se de passagem) do Presidente da República de rever os índices de produtividade para fins de desapropriação, a ofensiva não surpreende.
Há ainda que se ressaltar um outro aspecto curioso da cobertura parcial da nossa mídia. Se a crítica fosse pela lentidão na condução do processo de reforma agrária no Brasil ou pela ausência de assistência técnica contínua na imensa maioria dos assentamentos do país, poderia ser levada a sério. Entretanto, o ataque procura 'alvos fáceis', pois o objeto da pesquisa citada são assentamentos emancipados (consolidados no entendimento do INCRA), cujos processos de emancipação/consolidação foram concluídos a toque de caixa sem que fossem obedecidas a s condições necessárias para a conclusão de tal processo. Há casos em áreas que sequer tinham sido titulados e que os projetos de assentamentos foram consolidados.
As famílias simplesmente eram jogadas na terra sem assistência técnica, sem infra-estrutura, com crédito insuficiente e chamavam este processo de reforma agrária, ao contrário do preconiza toda a literatura sobre o tema. E como sempre é importante dar-se os nomes aos bois, tudo ocorreu na gestão do Sr. Raul Jungman à frente do Ministério do Desenvolvimento Agrário, de forma que temos duas opções para as causas do problema, uma deliberada tentativa de desacreditar a política pública da reforma agrária ou incompetência, cada um julga conforme seu critério.
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