sexta-feira, 11 de abril de 2008

Compre um refri, leve um veneno!

Promessa é dívida!

Aí vai.

Em 2003 a OMS publicou o relatório TRS 916 (para acessar o relatório completo clique aqui), cujo trecho abaixo eu destaco:

Free sugars

It is recognized that higher intakes of free sugars threaten the nutrient quality of diets by providing significant energy without specific nutrients. The Consultation considered that restriction of free sugars was also likely to contribute to reducing the risk of unhealthy weight gain, noting that:

. Free sugars contribute to the overall energy density of diets.
. Free sugars promote a positive energy balance. Acute and short-term studies in human volunteers have demonstrated increased total energy intake when the energy density of the diet is increased, whether by free sugars or fat (9--11). Diets that are limited in free sugars have been shown to reduce total energy intake and induce weight loss (12, 13).
. Drinks that are rich in free sugars increase overall energy intake by reducing appetite control. There is thus less of a compensatory reduction of food intake after the consumption of high-sugars drinks than when additional foods of equivalent energy content are provided (11, 14--16). A recent randomized trial showed that when soft drinks rich in free sugars are consumed there is a higher energy intake and a progressive increase in body weight when compared with energy-free drinks that are artificially sweetened (17). Children with a high consumption of soft drinks rich in free sugars are more likely to be overweight and to gain excess weight (16).

The Consultation recognized that a population goal for free sugars of less than 10% of total energy is controversial. However, the Consultation considered that the studies showing no effect of free sugars on excess weight have limitations. The CARMEN study (Carbohydrate Ratio Management in European National diets) was a multicentre, randomized trial that tested the effects on body weight and blood lipids in overweight individuals of altering the ratio of fat to carbohydrate, as well as the ratio of simple to complex carbohydrate per se. A greater weight reduction was observed with the high complex carbohydrate diet relative to the simple carbohydrate one; the difference, however was not statistically significant (18). Nevertheless, an analysis of weight change and metabolic indices for those with metabolic syndrome revealed a clear benefit of replacing simple by complex carbohydrates (19). The Consultation also examined the results of studies that found an inverse relationship between free sugars intakes and total fat intake. Many of these studies are methodologically inappropriate for determining the causes of excess weight gain, since the percentage of calories from fat will decrease as the percentage of calories from carbohydrates increases and vice versa. Furthermore, these analyses do not usually distinguish between free sugars in foods and free sugars in drinks. Thus, these analyses are not good predictors of the responses in energy intake to a selective reduction in free sugars intake.


O texto em negrito mostra uma relação direta entre o consumo de refrigerantes (ricos em açucar) e a obesidade, em especial a obesidade infantil.

Esse relatório foi objeto de forte pressão para ser abafado pela indústria alimentícia norte-americana, conforme mostra o artigo do jornal inglês The Guardian que pode ser acessado clicando aqui.

Ou seja, nada mais normal dentro do sistema capitalista que as empresas quererem esconder que seus produtos, em especial os alimentícios, matam. Compre um refri, leve um veneno!

A questão é que o relatório tornar-se-ia uma recomendação de dieta da OMS, que colocaria um limite de consumo diário de açúcar inferior àquele contide em apenas uma latinha de Coca-Cola. Em outras palavras, beber Coca-Cola colocaria em sérios riscos a saúde do consumidor.

E por que isto não aconteceu? A pergunta deve ser direcionada ao ex-ministro do Fernando Henrique que, como consultor da Coca, conseguiu impedir a normatização da questão.

Como o assunto foi tratado no âmbito de um organismo internacional, dou um doce para quem descobrir o nome do ministro.

E tem gente que ainda acredita na imparcialidade da imprensa...

Para os que ainda creem que a imprensa burguesa é imparcial recomendo a leitura da reportagem do Brasil de Fato que mostra a manipulação de foto buscando proteger o presidenciável tucano José Serra.

Clique aqui e leia a matéria.

PS.: Não tem nada a ver com a matéria acima, mas aguardem que o Opinião Divergente em breve publicará um furo de reportagem envolvendo uma multinacional famosa, um organismo internacional e um ex-ministro tucano.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Urna eletrônica - Pseudodemocracia brasileira

O velho Briza sempre alertou, o Requião já brigou por causa disso e o tempo passa e... nada!

Volta e meia ouvimos dizer que temos o sistema eleitoral mais moderno do mundo... urnas eletrônicas e o escambau. Até aí tranquilo, mas e se... tiver um programa (autoapagável) que adultere os resultados dos votos, como conferir? Impossível, porque nossos juízes do TSE acham que imprimir um comprovante do voto a ser depositado numa urna muito caro e não vale a pena.

Para saber um pouco mais sobre o assunto recomendo a leitura da entrevista com Amilcar Brunazo Filho no Blog do Paulo Henrique Amorim, clicando aqui.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Quero votar pra juiz!

Eu quero votar pra juiz!

Isso mesmo, vivemos numa sociedade onde o sistema de 3 poderes está estabelecido: com executivo, legislativo e judiciário.

Não pretendo aqui entrar na discussão filosófica se este é ou não um sistema perfeito, apenas que ele existe. No entanto, pretendo levantar outra polêmica, ainda que discorde da dinâmica do processo eleitoral dentro da democracia burguesa e enxergue nele diversas limitações:

Por que que a gente só elege os representantes do poder executivo e do legislativo?
Mal ou bem, com todas as limitações da democracia burguesa, existe algum tipo de controle do povo (ainda que apenas no plano teórico, se considerarmos como farsa a democracia burguesa). Em tese, e algumas vezes na prática (como os deputados federais do Rio de Janeiro envolvidos na máfia das ambulâncias que não se reelegeram), o povo pune aqueles que, digamos, não têm espírito público.

Podem argumentar que o juiz tem que ser imparcial. Ora, em que lugar do mundo existe imparcialidade. Nem mesmo a física, após a relatividade, física quantica e teoria do caos, pode ser considerada uma ciência exata e cujo ponto de vista não importa. A própria existência das jurisprudências mostra que há questões interpretativas da lei que devem ser preenchidas por um entendimento comum. Como esse entendimento é formado parece-me uma das questões cruciais.

Aí, então vejamos, quem vira juiz? O cara tem que fazer uma boa faculdade de direito (e para isso deve estudar num bom colégio - quase sempre particular) ou então pagar um cursinho bem caro. Enfim, se traçarmos um perfil socio-econômico dos nosso juízes perceberemos claramente um corte de classe bem nítido. E quanto mais escalarmos para instâncias superiores, onde aqueles entendimentos comuns são consolidados, o corte fica mais evidente.

Assim, quando vemos como os pretos e pobres, ou como diria Gil, ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados pelo nosso judiciário e depois nos atentamos ao peso que é dado ao macho branco adulto no poder, aí notamos claramente o corte de classe. "Ipanema brilha à noite" já disse um ex-chefe da Polícia Civil do RJ, quantos burgueses vemos atrás das grades?

Por essas e outras que quero votar pra juiz. Não precisa ser os de primeira instância, pode ser para os TJs, TRT, TRF, STJ, TST, STF, etc. Pode até haver algum tipo de exigência mínimo, o cara ter que ser advogado por exemplo, mas ainda assim eu quero votar pra juiz. Não acho que isso resolverá o problema da nossa justiça de classe. Mas, na pior das hipóteses, exporá suas contradições.

Sds Socialistas.