terça-feira, 29 de julho de 2008

A RAPOSA ESTÁ NO GALINHEIRO!!

Notícia alarmante que recebi via correio eletrônico da Agência Petroleira de Notícias:

Multinacional administra banco de dados da Agência Nacional do Petróleo


Importantes fontes revelaram à AEPET/ Associação de Engenheiros da Petrobrás que a multinacional norte-americana Halliburton, através da sua subsidiária no Brasil, Landmark Digital and Consulting Solutions, está administrando o Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP), da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), sem ter passado por processo licitatório. E mais: as fontes informaram, ainda, que tiveram acesso ao parecer da Procuradoria Geral da República (PROGE), emitido em 2004, no qual exige que serviços prestados no BDEP sejam feitos mediante licitação. Mas, incrivelmente, a ANP até hoje não cumpriu a determinação da PROGE. A Landmark recebe e tem acesso a todos os dados estratégicos de exploração e produção da Petrobrás, além de receber R$ 600 mil por mês. A Halliburton administra o BDEP há 10 anos. Lembramos que a Halliburton, que já foi presidida pelo vice-presidente norte-americano Dick Cheney, atua no Brasil há mais de 40 anos e recentemente colocou um diretor de sua subsidiária em Angola [Nelson Narciso] na direção da Agência Reguladora, para gerenciar os leilões e o BDEP.

Recentemente, Nelson Narciso trouxe para sua diretoria a SDB - Superintendência de Definição de Blocos, que vão a leilão. Ou seja, a Halliburton é quem manda na ANP, sendo responsável pela principais áreas de atuação da Agência Reguladora. A raposa está ditando as regras do galinheiro e parece que as nossas autoridades estão cegas diante de tal gravidade, que precisa ser corrigida o quanto antes. A sociedade brasileira precisa ficar de olho vivo e agir contra tais ilegalidades. Especialistas dão conta de que esse tipo de atividade [administração do BDEP] só existe no Brasil, assim como a jabuticaba. Nessa história toda, vemos que o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, não passa de uma simples `Rainha da Inglaterra` e `garoto propaganda` da entrega das áreas petrolíferas nos leilões, enquanto a Landmark [Halliburton] é paga para acessar dados altamente estratégicos, resultado de décadas de pesquisas realizadas pela Petrobrás, que foi constrangida a cedê-los com o advento da Lei 9478/97. A Halliburton, principal articuladora da invasão ao Iraque, tem executado uma série de atividades de bilhões de dólares, sem licitações. A Halliburton é o principal membro da corporotocracia norte-americana, que junto com CIA, Sistema Financeiro e outras corporações exploram os recursos dos países em desenvolvimento. (Redação)



Fonte: Aepet

Divulgação: Agência Petroleira de Notícias (www.apn.org.br)

Sobre a inserção externa brasileira...

29/7/2008
Remessas de lucros já superam investimentos


As remessas de lucros e dividendos tiveram em junho mais um mês de desempenho acima das expectativas e encerraram o primeiro semestre de 2008 com um montante superior aos ingressos de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED). As remessas das filiais brasileiras para as matrizes no exterior atingiram o recorde de US$ 18,99 bilhões, quase o dobro do valor de igual período de 2007. Enquanto isso, os investimentos estrangeiros somaram US$ 16,70 bilhões. A reportagem é de Fabio Graner e Fernando Nakagawa e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 29-07-2008.

No primeiro semestre de 2007, a situação era diferente: o investimento superava as remessas, com folga. De janeiro a junho do ano passado, o IED de US$ 20,85 bilhões foi mais que duas vezes superior às remessas. Mesmo se forem descontados os cerca de US$ 7 bilhões atípicos em junho de 2007, relativos à fusão das siderúrgicas Arcelor e Mittal e à venda da Serasa, o IED dos seis primeiros meses de 2007 ainda superaria os US$ 9,81 bilhões de remessas de lucros e dividendos.

O chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central (BC), Altamir Lopes, explicou que as remessas sobem por causa da combinação de maior lucratividade das empresas, câmbio valorizado e problemas das empresas em suas matrizes, que estimulam remessas maiores das filiais mais lucrativas. Ele disse esperar alguma “acomodação” desse envio de recursos nos próximos meses, pois as multinacionais tradicionalmente remetem mais lucros no primeiro semestre.

Altamir destacou que a maior fatia das remessas e lucros no resultado das contas externas mostra uma mudança estrutural no balanço de pagamentos brasileiro. Para ele, a mudança é positiva. “Lucro só se remete quando tem lucro”.

A economista da consultoria LCA Adriana Dupita destacou que, além dos fatores mencionados por Altamir, as remessas de lucros refletem a maior internacionalização da economia brasileira. Para ela, a tendência é que o ritmo de remessas se desacelere a partir deste semestre. Ela prevê neste ano saídas de US$ 34 bilhões e, em 2009, de US$ 26,8 bilhões.

Dados do BC mostram que entre os setores que mais remetem lucros estão os que enfrentam dificuldades em seus países de origem. É o caso do automotivo e de serviços financeiros, com, respectivamente, US$ 2,76 bilhões e US$ 2,40 bilhões no 1º semestre de 2008.

Dois países que têm sido mais atingidos pela crise financeira encabeçam a lista dos principais destinos das remessas: Estados Unidos e Espanha.
Juros elevados atraem capital de curto prazo


A elevação dos juros no Brasil, que deve prosseguir nos próximos meses, voltou a atrair massivamente capitais estrangeiros de curto prazo. Em julho, a três dias do fim do mês, já ingressaram US$ 3,227 bilhões dirigidos a aplicações de renda fixa, sobretudo a compra de títulos públicos, segundo dados do Banco Central. É mais do que três vezes os valores observados em junho. A reportagem é de Alex Ribeiro e publicada pelo jornal Valor, 29-07-2008.

Para o BC, essa revoada é, em boa parte, fruto da realocação de carteiras - os investidores resgataram recursos aplicados em ações no país (US$ 3,495 bilhões) para aplicá-los em renda fixa.


Juros altos: 'Eles vêm para cá e fazem uma farra. Essa trajetória não é sustentável', avalia economista


O professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP) Simão David Silber está pessimista com a velocidade de deterioração das contas externas brasileiras. “No curto prazo, é financiável, mas tenho dúvidas daqui a dois ou três anos”, afirmou ao Estado. A reportagem e a entrevista é de Leandro Modé e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 29-07-2008.

Eis a entrevista.

O déficit em conta corrente preocupa?

Claro. O problema não é ter déficit, mas a trajetória é fulminante. Nos primeiros seis meses do ano passado, houve superávit de US$ 2,4 bilhões. Isso foi substituído por um déficit de US$ 17,4 bilhões. É um mergulho no precipício. O governo diz que não é problema por causa do que entrou no País como investimento estrangeiro direto: US$ 16 bilhões no semestre. Mas esse cálculo é meio maroto, pois as empresas brasileiras investiram no exterior US$ 8,5 bilhões. Ou seja, o saldo líquido não é US$ 16 bilhões. O que, então, tem segurado o balanço de pagamentos? O diferencial da taxa de juros brasileira com o exterior. Isso fez a conta de capital ser superavitária no semestre em US$ 40,7 bilhões. Essa trajetória, portanto, não é sustentável no longo prazo e sua forma de correção não está disponível no momento porque o governo não quer cortar gastos. Quando isso ocorre, sobra para o Banco Central o trabalho sujo de, sozinho, tentar segurar a inflação. Daí põe o juro lá em cima. Por arbitragem, entra dinheiro aqui, o que valoriza o real, piora as exportações e faz crescer muito as importações. Nos últimos 12 meses, a importação cresceu acima de 40% e a exportação, 18%. No curto prazo, há funding para financiar. Num prazo maior, 2 ou 3 anos, tenho seriíssimas dúvidas.

O fato de o País ter hoje um sistema de câmbio flutuante não ameniza essa tendência?

Esse argumento só funcionaria se o juro não fosse tão alto. Veja o que ocorre hoje: o déficit externo está aí, grandão, e mesmo assim o real continua se valorizando.

O juro alto, então, impede o funcionamento adequado do sistema de câmbio flutuante?

Na direção de uma desvalorização do real, sim. Na medida em que o BC sinalizou que manterá os juros muito altos neste ano e no ano que vem, se dá um horizonte para o aplicador. Eles vêm para cá e fazem uma farra. Em algum momento, o risco é a expectativa do aplicador mudar. Essas coisas ocorrem de uma maneira que na literatura chamamos de overshooting (sobreimpulso). Se daqui um ano, um ano e meio, o mercado financeiro se der conta de que a trajetória do real, daquele instante para frente, será de desvalorização, tentará antecipar isso mandando dinheiro para fora. Ou seja, de uma hora para a outra, vai estourar o câmbio. Não vai ser gradual. No curto prazo, o câmbio depende basicamente do mercado financeiro. O movimento financeiro é muito maior do que o comercial. Hoje, a proporção é de US$ 3 para US$ 1. O Brasil não está exportando mais. A receita de exportação só está crescendo porque o preço das commodities ainda está subindo. Se a desaceleração mundial for mais intensa, pode haver um impacto sobre os preços das commodities. Aí não tenha dúvidas: o real vai desvalorizar.

Como o sr. vê a recente queda de preço das commodities?

Para nós, o mais importante são as commodities alimentícias, que dependem muito mais da demanda da China, da Índia e de outros países em desenvolvimento. Nas últimas semanas, esse movimento de queda foi concentrado no petróleo e nas commodities metálicas. Mas as agrícolas podem cair 10%, 15%.

Isso aumentaria nosso déficit em conta corrente?

Provavelmente, sim. Se a tendência de preço for de queda, isso vai afetar nossa trajetória de câmbio. O que o governo faria nesse caso? Na minha opinião, interviria no mercado para evitar uma desvalorização acentuada do real, que colocaria mais lenha na fogueira da inflação. O câmbio, hoje, ajuda no controle da inflação.

Esses mais de US$ 200 bilhões de reservas dão ao governo boa capacidade para intervir no câmbio?

No curto prazo, sim. No longo, não faz refresco. Os estrangeiros, entre capital fixo, dinheiro em Bolsa, títulos públicos, etc, têm mais de US$ 500 bilhões aqui. Além disso, os brasileiros podem mandar dinheiro para fora. Ou seja, em um eventual pânico, poderia sair cerca de US$ 1 trilhão. US$ 200 bilhões não fazem cócegas. Não creio que isso ocorrerá, mas o fato é que não compramos o seguro definitivo.

O que seria um seguro definitivo?

Ter reservas extremamente elevadas. US$ 200 bilhões é muito bom, mas, dado o tamanho do mercado financeiro, é pouco.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Mais da mídia... ou do mesmo...

Original em http://www.diretodaredacao.com/site/noticias/index.php?not=4022

MÍDIA BABA NA GRAVATA

Por Mario Augusto Jakobskind

O imortal Nelson Rodrigues usava uma expressão que hoje se aplica ao esquema da mídia conservadora, sobretudo O Globo: “babar na gravata”, no caso, de ódio. É o que acontece neste momento contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na última semana, o jornal de maior circulação no Rio de Janeiro se superou em matéria de manipulação da informação.

Na edição de 24 de julho de 2008, O Globo aparecia nas bancas com a manchete “Líder do MST apóia candidato de curral eleitoral da Rocinha”. O mencionado é José Rainha, um ex-militante do MST, que não representa mais este movimento social, o que é publico e notório. O Globo “informava” (só pode ser entre aspas, pois o certo seria dizer manipulava) que “o líder do MST, que há anos comanda invasões de terra em São Paulo, disse que incentivou a candidatura a vereador do presidente da Associação dos Moradores”. O ex-militante do MST é amigo do candidato Claudinho da Academia, que supostamente tem o apoio de Antonio Bomfim Lopes, o Nem, responsável pela venda de drogas na Rocinha que impede a entrada na área de outros candidatos a vereador, segundo o informe do jornal.

Ao mesmo tempo em que O Globo divulgava o vínculo de Rainha com Claudinho, praticamente ignorava na edição do dia 24 uma nota da Executiva Nacional do MST informando que o movimento não participa do processo eleitoral nem apóia candidaturas a prefeito e vereador. Rainha, portanto, agia por conta própria e não representava politicamente o MST.

Se alguém ainda tivesse dúvida da grosseria manipuladora de O Globo, a apresentação na primeira página de uma foto de arquivo com José Rainha segurando uma bandeira do MST, deixava as coisas bem claras. É o caso de perguntar: que estranho critério de um jornal, abastado como O Globo, colocar em manchete de primeira página uma foto de arquivo tirada da gaveta?

Tem mais: na edição de sábado, 26, a mesma foto de Rainha com a bandeira do MST, editada na primeira página no dia 24 como sendo de arquivo, aparecia na página 9 identificada como de 24.07.2008. E sabem mais o quê? Atrás de Rainha aparecia claramente os dizeres “Oscar Niemeyer nosso irmão A Rocinha abraça pelos 100 anos de luta contra as injustiças sociais”. No meio da foto aparece a data de 15 (possivelmente de dezembro de 2007, quando dos 100 anos do arquiteto) junto com “Local CIEP da Curva do...” (o restante está coberto com a foto do tal do Claudinho da Academia).

Como se tudo isso não bastasse, O Globo prosseguia sua baba na gravata afirmando “com ou sem o beneplácito do movimento, a participação de militantes do MST na campanha eleitoral da Rocinha, em defesa do candidato do curral eleitoral da favela, é mais um indício de que ele se converteu numa organização política cujo foco vai muito além da reforma agrária”. Era a resposta ao Departamento Jurídico do MST, só divulgada na edição do dia 26, de que “José Rainha foi afastado do movimento por não se submeter às orientações do MST” e reafirmando que o movimento “não tem vinculação política com candidatos, partidos políticos ou governos de todas as esferas”.

Não satisfeito com o predomínio do esquema do pensamento único, O Globo em seu editorial de 26 de julho mostrava supostos vínculos do MST com o narcotráfico, como as Farc na Colômbia.

Mas os leitores se enganam se imaginam que só O Globo manipula grosseiramente a informação. Na área eletrônica o troféu “baba gravata de ódio” ficou por conta da TV Bandeirantes, que na semana de 21 a 25 de julho de 2008, sob o comando do âncora “é uma vergonha” Boris Casoy, além de só ouvir um dos lados, exatamente figuras críticas ao MST, também insinuou que o MST tem vínculos com as Farc. Casoy tem história e vida pregressa. Embora negue, integrou os quadros do CCC (Comando de Caça aos Comunistas) nos anos de chumbo, segundo militantes do movimento estudantil daquele período.

Na era Collor, Casoy se deu bem. Antes do confisco geral da Madame Zélia Cardoso de Mello ele tirou dos bancos todas as suas aplicações financeiras. Disse à época que tinha apenas intuído, não contava com nenhuma informação privilegiada. Ora, âncora de noticiário televisivo, o mínimo que a ética jornalística e a fidelidade aos seus telespectadores recomenda, em qualquer época, é tornar pública a “intuição”.

Hoje, Casoy chega até a alterar a fisionomia, muito próximo de babar, quando fala ou comenta sobre o MST. Isto, na verdade, não é jornalismo, mas, sim, “uma vergonha” e exemplo típico de estratégia de pensamento único.

Atenção nas próximas semanas para o acirramento da baba na gravata de ódio a qualquer tipo de organização dos setores de menor poder aquisitivo da sociedade brasileira.