sexta-feira, 13 de março de 2009

Pela limitação do tamanho da propriedade rural

O Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no campo lançou umacampanha pela Emenda Constitucional que estabelece um limite à popriedade da terra no Brasil.

Minha argumentação se resume a um poema de Patativa do Assaré:

A TERRA É NATURÁ
(Aos sem terra)

Senhô dotô, meu ofiço
É servi ao meu patrão,
Eu não sei faze comiço,
Nem discuço e nem sermão
Nem sei as letras onde mora,
Mas porém eu quero agora
Dizê com sua licença
Uma coisa bem singela
Que a gente pra dizê ela
Não precisa de sabença

Se um pai de famia honrado
Morre dêxando a famia,
Os seu fiinhos adorados
Por dono da moradia
E aqueles irmâos mais véio
Sem pensá nos evangeio,
Revortado a toda hora
Lança da inveja o veneno
Até botá os mais pequeno
Daquela casa pra fora

Disto tudo o risurtado
Seu dotõ sabe a verdade,
pois logos prejudicados
Recorre às oturidade
E no chafurdo infeliz
Depressa vai o juiz
Fazê a paz dos irmão
E se ele for justicêro
Parti a casa dos herdêros
Pa cada quá seu quinhão

seu dotô que estudou munto
E tem boa inducação,
Não ignore este assunto
Da minha comparação,
Pois este pai de famia
É o deus de soberânia
Pai do Sinhô e pai meu
Que tudo cria e sustenta
E esta casa representa
A terra que ele nos deu

O pai de famia honrado
A quem tô me refirindo
É Deus nosso pai amado
Que lá do céu tá me ouvindo,
O Deus justo que não erra
E que pra nós fez a terra
Este praneta comum
Pois a terra com certeza
É obra da natureza
Que pertence a cada um

Se a terra foi deus quem fez,
Se é obra da criação,
Deve cada camponês
Ter um pedaço de chão,
Quando um agregado solta
O seu grito de revolta,
Tem razão de reclamá,
Não há maió padicê
De que o camponês vivê
Sem terra pra trabaiá

Esta terra é como o só
Que nasce todos os dia
Briando o grande e o menó
E tudo que a terra cria,
O só quilareia os monte
Também as águas da fonte,
Como a sua luz amiga
Potrege no mesmo instante
Do grandaião elefante
À pequenina formiga

Esta terra é como a chuva
Que vai da praia à Campina,
Móia a casada, a viúva,
A véia, a moça e a menina,
Quando sangra o nevoêro
Pra conquistá o aguacêro
Ninguém vai fazê fuxico,
Pois a chuva tudo cobre,
Móia a tapera do pobre
E a grande casa do rico

Esta terra é como a lua,
Este foco patreado
Qiee é do campo até a rua
A lampa dos namorado,
Mas mesmo a véios cacundos
Já com ar de moribundos
Sem amor e sem vaidade,
Esta lua cor de prata
Não lhe deixa de ser grata,
Lhe manda quilaridade

Esta terra é como o vento
O vento que por capricho
Assopra às vez um momento
brando fazendo cuchicho
E outras vez vira o capeta,
Vai fazendo pirueta
Roncando com disatino,
Levando tudo de móio,
Jogando arguêro nos zóio
Do grande e do pequenino

Se o orguioso pudesse,
Com seu rancor dismedido,
Talvez até já tivesse
Este vento repartido,
Ficando com a viração,
Dando ao pobre o furacão,
Pois sei que ele tem vontade
e acha mesmo que precisa
Gozá do frescô da brisa
Dando ao pobre a tempestade

Pois o vento, o só, a lua,
A chuva e a terra também,
Tudo é coisa minha e sua,
Seu dotô conhece bem,
Pra sabê disto tudo
Ninguém precisa de istudo,
Eu sem escrevê, nem lê,
Conheço desta verdade
Seu dotô tenha a bondade
De ouvi o que vou dizê

Não invejo seu tisõro,
Suas mala de dinhêrp,
A sua prata e seu ouro,
O seu boi e o seu carnêro,
Seu repôso e seu recreio,
Seu bom carro de passeio,
Sua casa de morá
E a sua loja surtida,
O que eu quero nesta vida
É terra pra trabaiá

Escute o que eu to dizendo,
Seu dotô, seu coroné,
De fome tão padicendo
meus fio e minha muié,
Sem briga, questão, nem guerra,
Messa desta grande Terra
Uma tarefa pra eu,
Tenha pena do agregado,
Não me dêxe diserdado
Daquilo que Deus me deu

Patativa do Assaré

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