sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Enquanto isso na velha luta capital x trabalho...

Há quem diga que a luta de classes acabou...
Entre os que ainda acreditam neste preceito, afirmam que agora é a hora dos trabalhadores no Brasil...

Pois bem, deem uma olhada na matéria que retirei do sítio do PNUD sobre um estudo conjunto PNUD/CEPAL/OIT...
Original da reportagem aqui.
Original do estudo aqui.

GANHO DE CAPITAL SUPERA RENDIMENTO DE TRABALHO NA RENDA

Participação de juros, aluguéis e lucros na renda do Brasil cresceu 34,6%, enquanto fatia de remuneração de empregados caiu 19,8%

TIAGO MALI da PrimaPagina


Juros, aluguéis e lucros foram os itens da renda brasileira que mais cresceram desde a última década, superando o rendimento dos trabalhadores. Os ganhos financeiros representavam, em 1990, 38,4% na renda nacional — um dos componentes do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2003, o peso havia subido para 51,7%. A remuneração das pessoas ocupadas apresentou tendência inversa e passou a ser a parte menor do bolo: caiu de 53,5% para 42,9%.

Os dados constam do relatório Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente – A experiência brasileira recente, lançado em 8 de setembro por três agências da ONU: CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), OIT (Organização Internacional do Trabalho) e PNUD.

O relatório mostra que a participação da remuneração dos trabalhadores no total de ganhos do Brasil caiu 19,8% entre 1990 e 2003. Nos últimos três anos abordados no estudo, acumulou três quedas. Na direção contrária, os ganhos com juros, aluguéis e lucros (chamados de “excedente operacional bruto”) têm tido forte crescimento — o peso aumentou 34,6% no período e cresceu continuamente nos últimos quatro anos analisados.

Os dois fatores fazem parte da distribuição funcional da renda, que é composta ainda por um terceiro item — o ganho dos autônomos, cuja parcela no bolo total também declinou: de 8,1% da renda para 5,4%. Os dados são das Contas Nacionais, calculadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Esse cenário indica, conforme o relatório, que os ganhos com o crescimento do PIB e os benefícios que as empresas brasileiras tiveram com melhoria de tecnologias podem não ter sido repassados, na mesma proporção, aos trabalhadores. O estudo sugere que “a melhoria na distribuição funcional depende de políticas distributivas de renda e, talvez ainda mais essencialmente, das condições em que os ganhos de produtividade são transmitidos aos trabalhadores. O comportamento das variáveis relevantes para essa transmissão foi pouco favorável aos trabalhadores no período aqui estudado”.

Os dados só foram analisados até 2003 devido a mudanças de metodologia no cálculo do PIB, o que influencia diretamente os números. “De qualquer modo, os dados divulgados pelo IBGE com a nova metodologia mostram que, nos anos mais recentes, a distribuição funcional passou a manter relativa estabilidade na repartição entre rendimentos do trabalho e excedente operacional bruto”, assinala o estudo.

Desigualdade de renda no trabalho

Apesar de a fatia da renda nacional relacionada com os ganhos dos trabalhadores ter diminuído, outros indicadores no estudo mostram que, embora muito elevada, a concentração de renda do trabalho caiu nos últimos anos. Essa concentração é medida pelo índice Gini para o rendimento mensal: quanto mais perto de zero, menor a concentração de renda. De 1992 a 2006, o índice caiu de 0,571 para 0,541, uma melhora de 5,2%.

“Contribuíram para essa melhoria na década atual o comportamento favorável do mercado de trabalho e a elevação do poder de compra do salário mínimo. (...) a razão óbvia é que o rendimento do trabalho é decisivo para a renda das famílias”, destaca o relatório.

Apesar disso, o rendimento médio do trabalhador só tem aumentado recentemente. O relatório mostra que ele chegou a R$ 999 em 1996 (ponto mais alto desde 1992), caiu para R$ 807 em 1994, para se recuperar, gradualmente, e chegar a R$ 904 em 2006.

Informes sobre o confronto EUA x Bolívia

Matéria do sítio da revista eletrônica Terra Magazine, tirem suas conclusões...


Parlasul: EUA "tem dedo" em crise na Bolívia

Quinta, 11 de setembro de 2008, 13h42

11 de setembro de 1973. O presidente chileno Salvador Allende vive uma situação de crescente instabilidade social, com manifestações de massa favoráveis à construção do socialismo, enfrentando atos de sabotagem e locautes patronais, como a famosa greve dos caminhoneiros. Vendo-se cercado pelo levante militar organizado pelo general Augusto Pinochet, Allende se suicida com um tiro dentro do palácio do governo.

11 de setembro de 2008. O presidente boliviano Evo Morales enfrenta graves protestos de oposição espalhados por todo o País, em especial na rica região de Santa Cruz de la Sierra. Sabotagem de gasodutos, invasão de prédios públicos, conflitos nas ruas. Até o momento, Morales permanece no poder.

As semelhanças entre dois momentos históricos distantes, porém parecidos entre si, são observados pelo deputado Florisvaldo Fier, o Dr. Rosinha, presidente do Parlamento do Mercosul.

- Naquela ocasião foi financiada pelos Estados Unidos, e agora novamente os Estados Unidos estão por trás de todo esse processo - acusa Rosinha, que também é deputado na Câmara federal pelo PT paranense.

A Bolívia vem enfrentando uma onda de protestos por conta das divergências em torno da nova Constituição, que ainda precisa ser aprovada. Governistas acusam a oposição de não respeitar os processos democráticos.

Os oposicionistas, por sua vez, alegam que o governo federal não atende a suas reinvidicações, particularmente aquelas sobre a autonomia de alguns departamentos (NR: o equivalente aos estados brasileiros) do país.

O presidente do Parlasul levanta, em entrevista a Terra Magazine, a possibilidade de o governo dos Estados Unidos de ter "um dedo" no conflito boliviano. Ele propõe que o Grupo de Amigos da Bolívia (Brasil, Colômbia e Argentina) se reúna para discutir a crise no país.

Rosinha também critica a elite boliviana, que segundo ele mantém vínculos com as ditaduras militares que já governaram o país.

- Para você ter uma idéia: 50 anos atrás, essa maioria (indígena) era proibida de entrar na praça Murillo, que é a praça em frente ao palácio do governo. Quer dizer, imagina que elite é essa.

Leia a seguir a entrevista com o presidente do Parlasul:

Terra Magazine - Como o senhor vê a situação hoje na Bolívia?
Dr. Rosinha - Eu vejo que aqueles que sempre estiveram no poder através das ditaduras militares, ou mesmo no governo Sanchez de Losada (NR: antecessor de Evo Morales), não aceitam o processo democrático que a Bolívia está vivendo. Eles trabalham a favor de golpe militar ou através da divisão do território boliviano.

E a que o senhor atribui essa reação de parte da sociedade boliviana?
A não aceitar o modelo de mudanças que o Evo Morales está dirigindo. Não aceitar a inclusão da maioria indígena da população. Para você ter uma idéia: 50 anos atrás, essa maioria era proibida de entrar na praça Murillo, que é a praça em frente ao palácio do governo. Quer dizer, imagina que elite é essa. A elite de Santa Cruz de la Sierra é a elite que sempre foi favorecida pelas ditaduras militares. O que tem de terras e concessões, nunca compraram... Sempre foram concessões do Estado boliviano. E agora eles não aceitam um governo democrático, referendado por 67% da população.

Como o parlamento do Mercosul vem se posicionando a respeito?
O parlamento já fez duas manifestações em favor da democracia boliviana e contra a divisão do território da Bolívia.

Há exatos 35 anos o presidente chileno Salvador Allende era deposto em meio a uma crise social semelhante à enfrentada hoje por Evo Morales. O senhor vê alguma semelhança entre as duas situações?
Vejo. Naquela ocasião foi financiada pelos Estados Unidos, e agora novamente os Estados Unidos estão por trás de todo esse processo. Tanto é que o Evo Morales expulsou ontem o embaixador dos Estados Unidos. Todas as vezes que eu estive lá (na Bolívia), a informação era de que esse embaixador tinha feito, estimulado e, através do Estados Unidos, financiado esse processo. Ele era o embaixador americano em Kosovo, onde teve todo aquele processo de desagregação.

A expulsão do embaixador foi acertada?
Eu tenho certeza que tem dedo norte-americano no processo. O (Branko) Marinkovic, do Comitê Cívico (NR: entidade de oposição ao governo de Evo Morales), tem um passado de atuação de forças para-militares de direita.

A resposta do governo brasileiro à crise tem sido adequada?
Eu acho que o governo brasileiro tem que chamar o Grupo de Amigos da Bolívia para uma reunião e discutir a questão da Bolívia e, na minha opinião, apoiar o Evo Morales. O referendo revogatório foi uma vitória do povo boliviano. Em Santa Cruz de la Sierra, Morales teve 32% de votos em 2005; agora teve 42% pela continuidade. Ele aumentou o apoio dele em todos os departamentos bolivianos.

Terra Magazine

Leia esta notícia no original em:
Terra - Terra Magazine
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3175227-EI6580,00.html

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Viva Evo Morales!!!!

Longa vida a Bolívia! Corajosa atitude de seu presidente.

Segue matéria abaixo:


Respaldam na Bolívia expulsão de embaixador estadunidense


La Paz, 11 set (Prensa Latina)
www.prensalatina.com.br

Organizações sociais da Bolívia respaldam hoje a decisão do presidente boliviano, Evo Morales, de declarar pessoa não grata ao embaixador dos Estados Unidos em La Paz, Philip Goldberg, a quem responsabilizou de conspirar contra seu governo.

Num ato efetuado ontem no Palácio Quemado para apresentar um novo programa de emprego, o presidente explicou os vínculos do diplomata e da delegação que lidera com distúrbios nas regiões de Santa Cruz, Tarija, Pando, Beni e Chuquisaca, cujas autoridades se opõem ao processo de mudança.

Morales deu instruções ao ministro de Relações Exteriores e Cultos, David Choquehuanca, para que iniciasse os trâmites correspondentes para a saída de Goldberg da Bolívia, a quem acusam de financiar grupos violentos.

"O embaixador dos Estados Unidos está conspirando contra a democracia e quer que a Bolívia se despedace", afirmou.

Em reiteradas ocasiões, o governo boliviano havia apresentado provas que associam manobras subversivas com a representação de Washington em La Paz e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

Também denunciaram reuniões secretas de Goldberg com autoridades opositoras ao Executivo, as mais recentes com os governadores Savina Cuéllar (Chuquisaca) e Rubén Costa (Santa Cruz).

Sobre Goldberg, o chefe de Estado andino recordou que é um especialista em dividir países, em alusão a missões anteriores em Kosovo e na ex-Iugoslávia.

A respeito da ocupação e saque de instituições públicas e de ataques dos agrupamentos extremistas vinculados aos comitês cívicos e governos regionais desses cinco territórios, Morales reafirmou que se trata de um golpe de Estado civil, de conseqüências negativas para a economia nacional.

Também denunciou que dirigentes territoriais como os cruzenhos Rubén Costa e o abastado empresário Branko Marinkovic, longe de aceitar o diálogo impulsionado pelo Executivo, incitam a mais violência e a passar a administração dessas dependências ocupadas para as suas mãos, o que é ilegal.

Morales asseverou que na Bolívia está em jogo a decisão por um de dois modelos de Estado e desenvolvimento: o que hasteia o povo com a nacionalização de seus recursos naturais, ou o neoliberalismo que estimula a privatização.

Nesse sentido, destacou a consciência do povo boliviano e a ampla aceitação de uma verdadeira Revolução democrática e cultural.

Nesta quarta-feira, o Executivo tinha anunciado que reforçaria a segurança nas plantas energéticas frente à escalada de atentados contra essas instalações.

Segundo o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, a decisão foi tomada depois do ataque terrorista realizado em um gasoduto na localidade de Villamontes, no estado sul de Tarija.

Essa sabotagem, segundo fontes da estatal Yacimientos Petrolíferos Promotores Bolivianos (YPFB), afetará os envios de gás natural ao Brasil, receitas equivalentes a oito milhões de dólares diários.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Denuncia (intervenção do Governo Federal em sindicato!)

Recebi por correio eletrônico e achei importante divulgar...

-------------------
Segue um pequeno texto-denuncia de como o governo/cut atua para colocar o ANDES-SN na ilegalidade. A seguir, tem um Manifesto em defesa do Andes-SN com as primeiras assinaturas. Se possível, divulgue entre os compas. Apoios enviar para: leher.roberto@gmail.com
Abraços
Roberto Leher

MANOBRAS, TRAPAÇAS E COAÇÃO PARA DESMEMBRAR A BASE DO ANDES-SN, OBJETIVANDO SILENCIÁ-LO
Roberto Leher

Como se fosse um ato burocrático e corriqueiro, um pequeno (mas capitalizado) grupo de professores desconhecidos da imensa maioria de docentes que compõe as universidades federais, publicou em alguns jornais um edital convocando uma Assembléia de transformação da ONG que assessora o MEC em um "sindicato". Se vivêssemos em um contexto jurídico de pluralismo sindical, infelizmente inexistente em virtude de dispositivo constitucional, a iniciativa estaria circunscrita ao debate político na base e dado a forma de convocatória passaria despercebido. Mas a convocação para que a referida assembléia ocorresse na sede nacional da CUT em São Paulo, um dos estados com menor número de universidades federais (a única da capital reafirma que o Andes-SN é sua entidade legítima), atesta que o objetivo é de outra magnitude e que, a despeito das aparências, os seus verdadeiros proponentes são outros: a CUT, a ONG que assessora o MEC no campo sindical e o próprio governo federal que atribui a uma chapa derrotada na eleição para o Andes-SN o status de entidade sindical.

O histórico dessa ONG que assessora o MEC permite confirmar que esse "sindicato" está sendo criado para oferecer ao MEC uma casamata nas universidades para defender os projetos governamentais. Para a CUT, interessa a sua criação pois, além de contribuir para o propósito da Central de enquadrar os sindicatos na condição de correias de transmissão do governo, abre caminho no serviço público para o recolhimento compulsório do imposto sindical atualmente não efetivado pelas entidades sindicais democráticas que recusam o sindicalismo atrelado ao Estado. Tanto para o governo, como para a CUT, pelos mesmos motivos, importa modificar a natureza da intervenção dos professores das grandes causas da educação brasileira para uma ação sindical estritamente econômico-corporativa. Não casualmente, três horas após a citada assembléia, a Agência Brasil de Comunicação, subordinada à Secretaria de Comunicação do Governo Federal, noticiava a criação do sindicato em tom ufanista, acusando o Andes-SN de partidarismo[1].

Não é possível explicar o suporte econômico a esse grupo e o seu acesso aos gabinetes e meios de comunicação governamentais sem considerar os vasos comunicantes entre o governo e a CUT. A simbiose da Central com o governo e com o Estado foi nutrida pelas verbas do Fundo de Amparo ao Trabalhador ao longo da última década. Com a eleição de Lula da Silva, a interdependência é tão estreita que um presidente da CUT dormiu dirigente sindical e acordou ministro do trabalho para fazer uma reforma trabalhista que flexibilizaria o trabalho e que, até alguns anos atrás a CUT rejeitava peremptoriamente. Abandonado o princípio axial da autonomia que levou os sindicatos combativos e classistas a lutarem pela criação da Central; os seus dirigentes já não têm constrangimento em defender a unicidade e o imposto sindical nos velhos moldes do sindicalismo-de-Estado estudado por Evaristo de Moraes Filho.

A congruência de objetivos e formas de agir do Proifes-CUT não poderia ser diferente, pois a Central vem assessorando o grupo de professores que está a frente desse processo desde a única eleição para o Andes-SN em que foram vitoriosos em 1998 e, notadamente, nas sucessivas eleições em que foram derrotados após o campo autônomo e democrático derrotá-lo em 2000, ao final do único mandato em que estiveram a frente do Andes-SN. Provavelmente foi a CUT quem indicou que, não podendo vencer o pleito direto e democrático para a direção do Sindicato Nacional, a alternativa seria promover o desmembramento do Andes-SN, criando um sindicato que apartaria os docentes das IFES das demais universidades.

Os piores temores sobre como seria realizada a Assembléia foram confirmados. O esquema de segurança diante da sede da CUT e o aparato para "legitimar" a fraude constituída poderiam ser o cenário de "Hoffa - Um Homem, Uma Lenda", de 1992, dirigido por Danny De Vito e protagonizado por Jack Nicholson. Não pela impetuosidade como Jimmy Hoffa fez do sindicato dos caminhoneiros uma organização poderosa ao reunir no Teamsters quase todos os caminhoneiros do país, mas pelo uso da violência, de golpes e trapaças contra os seus adversários.

O edital de convocação da Assembléia estabelecia o início das atividades para as 15h. Desde as 12h, professores contrários ao desmembramento do Andes-SN constataram que os portões estavam fechados e, quando um grande número de docentes chegou à sede da CUT, após as 14h, o aparato de segurança estava montado. Três linhas de segurança impediam o livre acesso dos mais de 200 docentes de 36 universidades que desejavam se manifestar contra o desmembramento do Andes-SN.

A trapaça para fraudar a democracia e impedir o acesso dos docentes foi feita de modo aberto. Os seguranças somente deixavam entrar um professor de cada vez. Após passar pela primeira barreira dos seguranças, o professor era conduzido a única mesa de credenciamento para preencher um cadastro (tendo que comprovar o seu vínculo com uma universidade federal) e, a seguir, para outra mesa para assinar o livro de presença e ser submetido à minuciosa revista corporal. Máquinas fotográficas, filmadoras, celulares e gravadores foram apreendidos: não poderia haver provas do que se passaria na AG. Somente após essas coerções é que o professor poderia se dirigir a um auditório de pouco mais de 100 lugares (embora a base das IFES ultrapasse 50 mil docentes). Entre a entrada e a liberação da revista, 10 minutos se passavam. Somente após este périplo, o segurança deixava o próximo professor entrar na sede da CUT. Para que todos pudessem entrar, no ritmo imposto pela organização, seriam necessários 3h e 30 min. Enquanto os docentes contrários teriam que entrar a conta-gotas, o aparato já havia sido acionado e o complexo processo de deliberação de criação do sindicato, do estatuto e da nova diretoria foi feito em exóticos 15 minutos. As 15h15min tudo estava deliberado.

Os professores que puderam acompanhar o que se passou na AG relatam outras situações fraudulentas. Embora não previsto em Edital (e ser uma situação inusitada, pois obviamente permeável a fraudes), surgiram votos por procuração que somaram um total de 485. Segundo a mesa que presidia os trabalhos, os docentes efetivamente presentes totalizaram 110 professores, situação que não podia ser comprovada, pois havia diversos representantes da diretoria da CUT, entre os quais o Secretário João Felício e Julio Turra, bem como da CONTEE, entre outros e, sabidamente, o auditório da sede da CUT não comporta muito mais de 100 pessoas. Detalhe: nenhum documento foi apresentado pelos que informavam os votos que eram portadores. Eis o porquê da apreensão de câmaras, filmadoras e celulares.

Em contraste com essas práticas antidemocráticas, o ANDES-SN construiu sua legitimidade em um intenso e longo processo histórico. Nascido a partir da criação das associações de docentes em meados dos anos 1970, fazendo frente ao AI-5 e ao decreto 477, as associações foram um meio de luta em defesa da autonomia da universidade e de sua democratização. Ainda no contexto da ditadura empresarial-militar, as associações docentes se reuniram em uma Associação Nacional de Docentes em 1981, quando surgiu a Andes. Atuando com outras entidades, como a OAB e de outras categorias do serviço público, a Andes se empenhou na luta em defesa do direito a sindicalização dos servidores públicos, afinal conquistada na Carta de 1988. A transformação da ANDES em Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior demandou debates públicos, eleição de delegados em todas as instituições que faziam parte da ANDES, em número proporcional ao tamanho da base em cada instituição, em um processo que demorou pouco mais de dois anos. Em contraposição, o pretenso sindicato foi convocado por um edital firmado por um grupo de docentes reunidos em uma ONG sem qualquer debate de base.

Não é preciso ser um estudioso do Direito para saber que os procedimentos adotados pela CUT para o desmembramento do ANDES-SN são ilegais e ilegítimos. Certamente, haverá pronunciamento da justiça nesse sentido, mas não é possível ignorar que os interesses governamentais em torno desse processo se farão sentir, tanto pela referida simbiose CUT- governo, como pelo interesse de silenciar o ANDES-SN. Aqui reside a gravidade dos acontecimentos. Se não fosse pelos nexos com o aparato governamental, estaríamos diante de um ato de violência, fraude e trapaças sindicais. Mas é muito mais do que isso.

A seqüência dos acontecimentos é impressionante. A partir de questionamentos sem outras motivações que não o recolhimento do imposto sindical, alguns SINPROS objetaram a representação do ANDES-SN nas instituições privadas. Essas contendas existiam desde o final dos anos 1990, mas somente no governo Lula da Silva motivaram a suspensão do registro sindical do Andes-SN. A seguir, o Ministério do Trabalho edita portaria exigindo o recadastramento das entidades representativas dos trabalhadores do serviço público para fins da manutenção do processo de recolhimento das contribuições voluntárias de seus sindicalizados por meio da folha de pagamento, como acontece desde os anos 1980. Mas condicionam o recolhimento das contribuições ao registro sindical. Coincidência? A seguir, o mesmo ministério edita nova Portaria (186), flexibilizando o desmembramento de sindicatos e atribuindo ao governo o poder de escolher quem tem a representatividade.

Os nexos são evidentes. É a maior intervenção governamental nos sindicatos desde a ditadura empresarial-militar. Mas diferente de então, agora isso é operado em conluio com as maiores centrais sindicais do país. Nesse caso, a constituição do feixe sindicato – governo – trabalhadores - patrões que caracterizaram o fascismo não é somente uma analogia vazia: é o ovo da serpente que ameaça a democracia no país.

A reação do Andes-SN está referenciada em uma estratégia que tem como esteio a legitimidade da história do Andes-SN. Existem batalhas jurídicas, de ordem tática, importantíssimas. A ilegalidade de tudo o que aconteceu até o momento é tão evidente que prevalecerá um posicionamento positivo ao Andes-SN. Mas uma ofensiva de tal envergadura somente pode ser respondida a altura pelas ações políticas. O diálogo verdadeiro com o conjunto dos docentes das IFES, esclarecendo o que está em curso, tem de fazer parte do núcleo sólido de todo esse processo. A energia criadora do movimento estudantil autônomo, o apoio da intelectualidade crítica, das entidades democráticas, das instituições universitárias, por meio de seus colegiados, tudo isso tem de ser feito com tal força e verdade que incendiará a indignação ativa dos docentes que saberão, nas palavras e nos gestos, defender a sua entidade construída ao longo de quase três décadas, lado-a-lado com as entidades democráticas que reconhecem o Andes-SN como um dos pilares da causa da educação pública no país.

[1] http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/09/06/materia.2008-09-06.9064581521/view


MANIFESTO de APOIO ao ANDES-SN


O ANDES-Sindicato Nacional construiu sua história em estreito contato com os inúmeros problemas da sociedade brasileira, mormente aqueles concernentes à educação pública, em todos os seus níveis e modalidades, à ciência e à tecnologia, visando a construir formas de abordá-los, na busca de solução para a enorme desigualdade social e na perspectiva da soberania nacional. Marcos desta intervenção foram as participações no processo constituinte, na elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na construção socialmente referenciada do Plano Nacional de Educação: proposta da sociedade brasileira, entre outras, as quais testemunhamos e das quais, mesmo, fomos partícipes. No caso específico da educação superior, o ANDES-SN construiu coletivamente sua Proposta para a Universidade Brasileira e a vem continuamente aprimorando, referenciada no padrão unitário de qualidade para a educação, conceituada como direito social. Essa inserção do ANDES-SN na vida nacional garantiu-lhe, ao longo do tempo, o reconhecimento público, pela sociedade e pelo Estado, e a legitimidade de um sindicato classista, autônomo, democrático e combativo.

Num país cuja história sindical é marcada, desde a era Vargas, pelo atrelamento da grande maioria das organizações de trabalhadores ao Estado, o ANDES-SN se caracteriza como exceção, por sua firme organização pela base e pela articulação permanente da luta específica da categoria docente com as lutas mais gerais de toda a população brasileira. São exemplos recentes desta articulação, entre o específico e o geral, as análises e ações empreendidas: em defesa da previdência social distributiva e pública; contra a subordinação da pesquisa e do ensino aos interesses do capital, portanto, contra as parcerias público-privadas nos moldes propostos, contra a lei de inovação tecnológica, contra a interferência das fundações privadas nas universidades públicas e contra, também, o programa PROUNI e outras intervenções a favor do ensino mercantil.

Por outro lado, o ANDES-SN sempre foi um ardoroso defensor da educação superior pública e da autonomia universitária, o que implicou a luta: pela expansão de vagas e oportunidades; por um financiamento público, estável, previsível e em montantes compatíveis com as tarefas da universidade; e por uma verdadeira gestão democrática nas instituições. Como conseqüência, o sindicato colocou-se contra o programa REUNI e os IFET, por não proporcionarem a expansão do sistema com manutenção, muito menos crescimento, da qualidade socialmente referenciada. Por fim, o sindicato sempre se colocou a favor da livre organização, tanto de movimentos sociais quanto de sindicatos e contra qualquer contribuição sindical compulsória, cultivando a autonomia sindical, perante as direções das instituições, os partidos políticos e os governos, como valor intrínseco.

No presente cenário, a represália a essa postura autônoma se dá por meio da suspensão do registro sindical do ANDES-SN pelo governo federal e do fomento, por este último, à constituição de organização paralela, objetivando obter, por meio desta, sustentação às suas ações, que, freqüentemente, retiram direitos dos trabalhadores e se esquivam diante das demandas legitimamente apresentadas pela categoria docente.

Referenciados neste histórico de lutas e julgando importante a manutenção desta perspectiva, os abaixo-assinados registram seu apoio ao ANDES Sindicato Nacional, seu reconhecimento da legitimidade dessa entidade para representar os docentes das instituições de ensino superior e seu repúdio às ações divisionistas, no seio da categoria, como acima mencionado.


2 de setembro de 2008
Armando Boito Jr.; Aziz Ab´Saber; Carlos Nelson Coutinho; Dermeval Saviani; Fábio Konder Comparato; Francisco Miraglia; Francisco de Oliveira; Gaudêncio Frigotto; João dos Reis Silva Jr.; Leandro Konder; Lúcia M. W. Neves; Otaviano Helene; Paulo Arantes; Plínio de Arruda Sampaio; Reinaldo Gonçalves; Ricardo Antunes; Roberto Leher; Roberto Romano; Valdemar Sguissardi; Valério Arcary; Virgínia Fontes; Warwick Kerr.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Neoliberalismo acabou?!?!

Eu me pergunto, ou melhor pergunto aos meus amigos liberais, citando Drummond, "E agora José?"

Abaixo, matéria da Folha de São Paulo (original aqui)

Estatização nos EUA é "o enterro do neoliberalismo", diz Maria da Conceição Tavares

EDUARDO CUCOLO
da Folha Online, em Brasília

A economista Maria da Conceição Tavares afirmou hoje que a intervenção do governo dos EUA nas duas maiores empresas de hipotecas do país representa o "enterro do neoliberalismo".

Ontem, o governo norte-americano anunciou uma ajuda de até US$ 200 bilhões para as gigantes hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac. Essa é a maior intervenção do governo dos EUA para evitar uma crise sistêmica na economia.

"É fantástico o país mais liberal do mundo ter de estatizar. É o enterro do neoliberalismo de uma maneira trágica", afirmou Maria da Conceição.

A economista comparou a operação ao Proer, programa de socorro a instituições financeiras realizado no primeiro governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

"Custou uma fortuna", afirmou, em relação à intervenção dos EUA. "O nosso Proer foi mais baratinho."

O ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira afirmou também que a intervenção é "o fim do neoliberalismo". Segundo ele, a crise deve provocar o ressurgimento de uma nova onda desenvolvimentista, como ocorreu após a crise de 1930, com maior participação do Estado na economia.

"Essa crise marca o fim da onda neoliberal", afirmou. "É fundamental que haja uma intervenção do Estado."

Bresser defendeu uma complementação entre a intervenção do mercado financeiro e do Estado na economia. Disse também que a situação seria pior caso não houvesse uma intervenção mais forte do banco central dos EUA na economia do país nesse momento.

Seu voto vai pra quem você votou?

Já ouvi histórias de candidatos que não tiveram sequer o voto em si computados, e não estou falando de candidaturas impugnadas, na primeira eleição do Lula, lembro que quando acompanhava a apuração a primeira contagem no TSE, rapidamente escondida, apareceu o Lula com um número negativos de votos... Sinceramente, um sistema que não permite recontagem de votos em caso de dúvidas é no mínimo assustador...

E para mostrar que as duvidas existem reproduzo texto de Silvio Meira, na Terra Magazine... original em http://smeira.blog.terra.com.br/2008/09/08/eleicoes-tse-esconde-a-verdade-sobre-as-urnas

eleições: TSE esconde a verdade sobre as urnas
srlm às 08:18

nas últimas semanas, este blog publicou dois textos sobre a segurança das urnas eletrônicas e, conseqüentemente, sobre a segurança de todo o processo eleitoral brasileiro. no primeiro [urna eletrônica NÃO é inviolável], um especialista anônimo [cognominado frodo] desmontou a afirmação do presidente do TSE, que havia dito ao país exatamente o contrário do título do nosso texto. no segundo [câmara dos deputados duvida da segurança das urnas eletrônicas] mostramos os dois opostos da política nacional, pt e psdb, concordando que o processo eleitoral precisa de mais segurança e transparência.

neste episódio, começamos a publicar uma entrevista com o engenheiro amílcar brunazo filho, que estuda o problema de segurança de voto eletrônico desde 1996 e que muita gente pensou [o blog recebeu vários emeios sobre isso…] que fosse a verdadeira identidade de frodo. mas não é. brunazo é um técnico que conhece o processo eleitoral eletrônico por dentro por dentro e afirma, há tempos, que sua segurança absoluta é mais propaganda do que realidade. comparativamente, as urnas e o sistema usados na venezuela, em 2006, já eram muito mais seguros do que o atual sistema brasileiro.

amilcar brunazo filho, engenheiro e programador, acompanha desde 2000 o desenvolvimento do sistema eleitoral eletrônico como representante do PDT junto ao TSE. colaborou com o TSE com sugestões que foram incorporadas ao processo eleitoral por lei ou resolução, como a obrigação do teste de votação paralela, a abertura dos programas feitos pela ABIN, a adoção de sistema operacional aberto nas urnas eletrônicas, a permissão para conferência das assinaturas digitais dos sistemas pelos partidos políticos e a publicação dos resultados por seção eleitoral na internet. também acompanhou processos e perícias oficiais sobre urnas eletrônicas, tendo detectado as quebras de integridade dos logs nas urnas de alagoas em 2006. o texto completo de seu livro "fraude e defesas no voto eletrônico" [que está esgotado] pode ser baixado neste link. brunazo filho é um dos especialistas por trás do site www.votoseguro.org.

a seguir, a primeira das perguntas que fizemos [por emeio] a brunazo filho e sua resposta.

blog: o TSE contratou uma consultoria para avaliar a urna eletrônica ou o sistema eleitoral como um todo? a quem e quando? no que resultou tal esforço, até agora? há resultados a divulgar? se sim, porque o TSE ainda não os apresentou à população?

Sim, em maio de 2008 firmou-se o Contrato TSE 032/2008 com a Fundação de Apoio à Capacitação de Tecnologia da Informação - FACTI - e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer - CenPRA - com o objeto formal de elaboração e análise de testes de vulnerabilidade quanto à segurança do sistema eletrônico de votação. O CenPRA e a FACTI são entidades ligadas ao Ministério de Ciência e Tecnologia e foram chamadas para estudar e testar a segurança e confiabilidade das nossas urnas eletrônicas.

O motivo inicial que levou a esta contratação foi uma petição de 2006, do PT e do PDT e com adesão do PR, que solicitava permissão para efetuar testes de resistência a ataques, chamados Testes de Penetração, nas urnas eletrônicas. O segundo motivo foi a vontade do TSE manter restrito o conhecimento do resultado do teste, pois se permitisse o teste pelos partidos, os resultados ganhariam conhecimento público.

O contrato tem data final para dezembro de 2008 e prevê a apresentação de relatórios de análises e testes dos procedimentos de: a) Geração de Mídias (preparação dos cartões de memória que transportam os programas oficiais até as urnas eletrônicas); b) Carga e Lacração das urnas; c) Votação e Apuração, até a emissão dos disquetes com os resultados de cada urna.

Até o momento (setembro de 2008) fui informado de que existem dois relatórios parciais, a partir dos quais modificações nos procedimentos e nos programas das urnas já estão sendo implantados. Por força de lei, o TSE mantem desde abril um ambiente controlado para apresentação obrigatória dos sistemas às entidades autorizadas, no qual só se pode entrar sob compromisso assinado de sigilo.

Neste local, como representante de um partido político, solicitei a apresentação dos relatórios da FACTI, que a rigor foram produzidos por causa de nossa petição inicial. O pedido já foi negado pelo Diretor Geral e pelo Ministro-relator, com alegações banais sobre a formalidade, sem enfrentarem seu mérito, o da transparência do processo eleitoral.

Mas o fato é que os relatórios parciais do FACTI apontam tantas vulnerabilidades insanáveis, desde a Geração de Mídias até a gravação do disquete, que o TSE decidiu: 1) manter os relatórios totalmente secretos para impedir que o eleitor brasileiro saiba que o sistema possui vulnerabilidades; 2) impedir os testes de penetração solicitados em 2006 pelos partidos políticos; 3) abandonar, após as eleições de 2008, o projeto atual das urnas eletrônicas; 4) aditar o contrato FACTI/CenPRA para tentar desenvolver um novo projeto, de urnas eletrônicas mais confiáveis, para as eleições de 2010 e 5) desinformar o eleitor, negando em público a existência de falhas de segurança e afirmando que testes de penetração serão permitidos em 2008. Para saber mais, clique neste link .

Enfim, o TSE já obteve, da FACTI/CenPRA, a confirmação de que uma parte muito importante de seu sistema eleitoral, a urna eletrônica, possui brechas de segurança que podem ser exploradas de forma maliciosa e capaz de alterar o resultado da eleição, mas continua, oficialmente, negando a dura realidade dos fatos e repetindo que o sistema eleitoral que oferece à sociedade é seguro e inviolável, quando sabe muito bem que este não é o caso.